domingo, 20 de fevereiro de 2011

Contactos

O Escola de Pais terminou no passado dia 31 de Dezembro com a esperança que a intervenção não encerre por aqui. Para eventuais esclarecimentos, poderá contactar o e-mail assmargens@gmail.com" Obrigado e votos de bom trabalho!
A Equipa do Escola de Pais

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pensar na Criança, Agir com a Família



Pensar na Criança e Agir com a Família foi o tema que levou no passado dia 10 de Janeiro ao palácio de Valenças, em Sintra, dezenas de técnicos representantes da Associação Margens, Movimento de Defesa da Vida, Associações de Defesa da Criança e representantes do poder local, a concluir a importância da implementação de Programas de Formação Parental.
O Escola de Pais foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian desde Março de 2008 a Dezembro de 2010, sendo agora possível, após o seu término, fazer-se a avaliação da intervenção.

No decurso da implementação do projecto Escola de Pais, constatou-se que o mesmo se constituiu como um importante recurso no complemento das iniciativas já desenvolvidas pelos parceiros sociais, nomeadamente a Junta de Freguesia de Monte Abraão, a Margens e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Sintra Oriental.
As parcerias instituídas aquando a formalização da candidatura, foram reforçadas, contribuindo para a transversalidade das acções, bem como, para a mudança e coesão social, numa relação horizontal de compromisso e responsabilização.
Privilegiou-se a dinamização das actividades do Escola de Pais, mas também a mobilização de recursos (humanos, materiais e financeiros) com o intuito de criar um efeito multiplicador de resultados, e potenciar a sustentabilidade das acções desenvolvidas, contribuindo desta forma para a efectiva mudança (famílias e comunidade).
O Consórcio demonstrou disponibilidade total e representou-se, no todo, como um componente facilitador da implementação das actividades do Projecto (e.g. disponibilização de espaços físicos para a dinamização de actividades, disponibilização de recursos humanos), evidenciando-se o facto de existir uma positiva articulação entre as intuições, constituindo-se esta como um factor incontornável no sucesso do projecto.
É possível referir a articulação, através de contactos informais, com as instituições que assumiram um papel interventivo fulcral, bem como instituições que de forma (in)directa contribuíram para a dinamização das actividades da Escola de Pais, nomeadamente a Rede Social - Comissão Social de Freguesia de Monte Abraão, Inter Comissão Social de Freguesias de Sintra, Cuidados Continuados e Articulados de Queluz, ACES X Cacém/Queluz, Unidade de Cuidados na Comunidade – Abraçar Queluz, Grupo de Estudos Sociais, Parceiros representados na Comissão Alargada da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Sintra Oriental, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Almada, Agrupamento de Escolas Ruy Belo, Centro de Estudos de Monte Abraão, Projecto Raízes, Fundação O Século - Casa das Conchas, Associação Passo a Passo, Infantário Cantinho do ABC, Instituto de Solidariedade e Segurança Social – Serviço Local de Sintra, Instituto da Droga e Toxicodependência, Fundação Aga Khan, Tao.Net Cybercafé e, Hospital Fernando da Fonseca.

Foi, ainda, assumida uma estreita colaboração com a Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação – Fundação para a Ciência e Tecnologia, no sentido de viabilizar a formação, supervisão da equipa técnica, as avaliações psicológicas das díades, bem como a avaliação externa do projecto, através da Dra. Renata Benavente.

A metodologia de intervenção do projecto teve or base a intervenção com díades, através do diagnóstico psicológico das mesmas e posterior estabelecimento de objectivos específicos para cada díade, de forma a potenciar e fortalecer uma relação de vinculação segura entre prestador de cuidados/criança.

A intervenção inscreveu-se no quadro conceptual da Teoria da Vinculação (Bowlby, 1968) e teve por base uma metodologia combinada de: 1) visitas domiciliárias, com objectivos semelhantes aos do programa de intervenção desenvolvido e implementado nos EUA e na Holanda (Olds, Henderson, Kitzman & Cole, 1995; Olds, Henderson, Kitzman, Eckenrode, Cole & Taterlbaum, 1998ª; Olds, Henderson, Eckenrode, Pettitt, Kitzman, Cole, Robinson & Powers, 1998b; Olds, Robinson, O’Brien, Luckey, Pettit, Henderson, Ng, Scheff, Korfmacher, Hiatt & Talmi, 2002) e, 2) técnicas de trabalho com pais em pequeno grupo (privilegiando-se a reflexão a partir de registos em vídeo das interacções adulto-criança), inspiradas no trabalho desenvolvido nos EUA (Marvin, Cooper, Hoffman, & Powell, 2002; Hoffman, Marvin, Cooper & Powell, 2006).

Verificaram-se alterações das representações da vinculação, no sentido da segurança, em 80% das crianças (avaliadas antes e após intervenção). Nas crianças em que não se observou uma mudança de representação verificaram-se alterações positivas nas escalas: expressão dos afectos, reacção à separação e distância simbólica. Constatou-se uma melhoria significativa na qualidade das relações mãe-criança, sobretudo nos casos em que no agregado existia outro filho problemático que até à intervenção do projecto era o centro de todas as atenções e preocupações maternas.

As díades que participaram no Programa de Intervenção Individualizada com as Famílias (PIIF), foram sinalizadas pelas entidades do consórcio e/ou instituições locais, como agregados familiares que se encontravam em situação de risco psicossocial.
Considerando a multiplicidade de problemáticas identificadas, configurou-se pertinente o acompanhamento/intervenção ao nível da formação parental.
Salienta-se que apesar do aspecto facilitador relacionado com a proximidade dos técnicos, foi necessário elevar o factor motivação e disponibilidade, dada a especificidade da acção (e.g: filmagens).
Considerando o conhecimento ao nível de outras investigações congéneres, a equipa considerou que apesar de terem sido inicialmente previstas 20 sessões, que os momentos dinamizados ante-PIIF, assumiram um papel majorativo na intervenção.
O facto de algumas prestadoras de cuidados serem profissionalmente activas obrigou a uma contínua e intensa gestão das suas disponibilidades com a execução das acções pré-agendadas.
Somos da opinião que ao longo das intervenções PIIF não estiveram em
causa apenas aspectos motivacionais, até porque as prestadoras de cuidados encararam o PIIF como um “momento de partilha importante nas nossas vidas” (sic., J.O.) para trabalhar aspectos vinculativos da relação entre as díades. Somos, ainda, da opinião que a relação de proximidade com as famílias terá contribuído adicionalmente para que o “espaçamento” entre algumas sessões não significasse um factor de afastamento/abandono. É importante salientar que a equipa procurou sempre fazer jus ao “não há longe nem distância” (R. B.) na estimulação para a contínua motivação com o PIIF. Por outras palavras, as gestoras de família procuraram manter o contacto e a proximidade, que partiu, também, das próprias famílias ao contactarem os técnicos no sentido de terem orientações específicas na resolução de situações referentes as crianças. Estes indicadores sugerem-nos a confiança relativamente à equipa, bem como traduzem um sentimento de identificação com a Escola de Pais.
Nas prestadoras de cuidados que concluíram o PIIF, avaliadas psicologicamente, antes e após a intervenção, verificou-se redução dos sentimentos de incompetência em relação aos comportamentos da criança; aumento das competências de interpretação dos sinais da criança; maior conhecimento sobre as necessidades de desenvolvimento da criança; aumento da qualidade das interacções mãe-criança; alargamento da rede de apoio social; aumento das competências reflexivas sobre as necessidades de vinculação; envolvimento progressivo com a equipa de projecto; melhor integração na comunidade e, redução dos comportamentos maltratantes/negligentes.
Consideramos, ainda, que a evolução das díades, quer ao nível do reconhecimento do papel do projecto, da disponibilidade, da participação, da motivação e do envolvimento foi assumindo um crescendo, traduzindo-se como muito positiva.

No decurso da implementação do projecto foram ainda dinamizadas outras acções de formação subordinadas aos seguintes temas: “Desenvolvimento de Crianças e Jovens – Que necessidades?”, “Crescer a Brincar!”, “A Escola não é um bicho papão – Como promover o sucesso escolar dos seus educandos”, “Gerir as poupanças (Ambiente/Energia/Saúde) ”, “Primeiros Socorros – Como agir em Situações de Emergência?”, “Alimentação Saudável – Como ajudar os nossos filhos?”, “Perigos da Internet – Sensibilização e Consciencialização para práticas seguras”, “Como gerir (melhor) as suas poupanças!”,“Como falar com os seus filhos de sexualidade?”, “Gripe A –Mitos e Realidade!”, “Drogas e Álcool – Mitos e Realidade.”, “Efeitos e Consequências de usar Drogas...”, “Tuberculose – Uma doença actual...”, “Como potenciar as nossas experiências…”, “Comunicação Pais – Filhos e as Drogas!”, “A vantagem em (re)definir objectivos pessoais!”, “A importância da Vacinação”, “Medidas de Apoio da Segurança Social”, “A criança pequena”, “Saúde e Bem Estar dos Pais/ Saúde e Bem Estar dos Filhos”, “A criança na Escola”, “O Adolescente a Autonomia”, “O Divórcio”.
Como estratégia de intervenção foram convidados técnicos externos ao projecto, especializados nas diversas áreas, para dinamizar as sessões de formação.
Apesar de as acções serem dirigidas também à comunidade em geral, considerou-se que estas se traduziram em espaços privilegiados de interacção onde se fomentaram relações de proximidade entre a equipa técnica e algumas famílias que se encontravam em risco psicossocial e, que poderiam ter perfil para integrar posteriormente o PIIF.
Estas acções de formação permitiram ainda potenciar conhecimentos em áreas que foram desenvolvidas pelas sessões de grupo do PIIF (focalizadas na vinculação e relação da díade), bem como, desenvolver relações de proximidade entre prestadores com características comuns, incrementando redes informais de apoio.